segunda-feira, 25 de maio de 2020

O JOVEM SEM CORAÇÃO -Conto

  

    Há muito tempo, havia um pequeno menino, encantado com o mundo, de coração tão puro e amável que não conseguia ver maldade no mundo, seu amor era facilmente conquistável, assim amava a seus pais e a todos, mas infelizmente teus pais não possuíam o mesmo, suas únicas paixões eram por si mesmos e sua liberdade, assim seu pai tomado pela inveja de sua capacidade de amar, arrancou seu coração, pôs em um cofre e lançou ao fundo do frio oceano, deu a chave nas mãos do menino, com a promessa que só o teria de volta quando encontrasse seu verdadeiro amor, e que assim encontrada deveria dar-lhe a chave, já que somente ela poderia salvá-lo. 


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    Fraco e muito ferido, foi abandonando pelos seus pais com um parente, lugar onde não encontrou nem amor nem compreensão, fugiu então para a cavalaria, ainda menino e de poucas esperanças viu neste local um lugar em que poderia viver sem coração, lá cresceu, e tornou-se um forte e rígido guerreiro. Lembrando da condição imposta por seu pai, buscou por muitas vezes a dama que o livraria da dor, mas sem um coração era incapaz de sentir algo além de seu vazio, e nem a mais bela moça poderia agradá-lo, já havia desistido da vida, e nem lembrava mais da cor de seus próprios olhos.

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    Um dia despretensiosamente se deparou com uma jovem, a mais bela que já viu, doce era tua voz, e mais ainda tuas palavras, seus olhos claros como a prata da lua brilhavam como quem pode ver facilmente uma alma, ao passo que a convivia, mais bela e perfeita figura tornava-se, como se o conhecesse de outras vidas, o desdobrava como um simples lenço, e trazia o acalento nunca antes sentido por ele. Sentiu o frio no buraco de seu peito e lembrou do que não possuía, teve certeza de que ela era a dama que salvaria seu coração, entregou-lhe a chave e lhe contou sua história, mas a moça só pode encher-se de lágrimas, não poderia salvá-lo mesmo se quisesse, pois não sabia nadar e nada podia contra o próprio oceano. Desolado, tomou a chave de volta a si, e pediu a sua donzela que seguisse sem ele, pois sem um coração não poderia dar a ela o que merecia, correu em direção a praia e lançou sua chave as águas.
Kinuko Y. Craft
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    Compadecido pelo sofrimento do casal, o mar pediu ao vento que soprasse o que lhe deveria ser feito, então em forma de brisa soprou aos ouvidos do pobre rapaz "Só você pode salvar-se, só você pode mudar, pule na terceira onda, e deixe levar-se ao mar", entendendo o que lhe foi dito, e tomado de esperança de reencontrar sua amada, se atirou nas águas, e na terceira onda o mar o levou as profundezas onde já poderia ver seu velho cofre, mergulhou para alcançá-lo e o trouxe a superfície, sem mais possuir a chave, gastou todas suas forças para destranca-lo, tomando seu coração frio e ferido em mãos, rasgou o próprio peito e o colocou de volta ao seu lugar, sua dor era enorme, mas assim que seu sangue quente fluiu sobre o órgão, e este voltou a bater foi como sair do mundo dos mortos, sentiu um amor transbordante, e caiu em sono pensando em sua bela donzela. Assim que possível, correu para que em seus braços pudesse tê-la novamente, pois antes estava perdido, e ela o encontrou, mesmo sem a chave lhe deu o motivo certo para lutar, mesmo sem um coração o amou, e inteiro agora ele poderia verdadeiramente amar-lhe para todo o sempre.

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